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sábado, 23 de abril de 2011

Ressurreição e vida eterna*

Felicidade a todo custo - Hoje em dia existe, mesmo entre os cristãos, uma forte tendência a esquecer que a nossa realização definitiva não pode acontecer nesta vida. Todo mundo quer ser feliz aqui e agora. A promessa da vida eterna, depois da morte, não diz nada à maioria das pessoas. Para muitos, na prática, não existe outra vida e, por isso, entendem que é preciso aproveitar esta o mais possível. São até pessoas ‘religiosas’ e pedem favores a Deus, para serem felizes, sem perceber que Deus mesmo é a nossa felicidade: sentem falta de tudo, menos de Deus. Procuram com muito esforço subir na vida, melhorar sua situação, garantir o futuro, coisas, aliás, que não são erradas. Mas não buscam em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça. Por isso, sempre estão insatisfeitos, porque só Ele pode saciar o coração humano.
Felicidade autêntica - Justamente por causa dessa mentalidade materialista é que a mensagem da ressurreição de Jesus é plenamente atual. É muito triste contentar-se com ser bem sucedido aqui na terra, ter uma vida próspera e sossegada. Mesmo os gestos de solidariedade, a luta por uma sociedade mais justa, se não são envolvidos pela esperança da vida eterna, não são capazes de dar sentido à nossa existência. A morte destrói todos os sonhos ou realizações humanas. É preciso abrir os olhos das pessoas para um horizonte mais largo, para o horizonte infinito das promessas de Deus. No fundo, todos aspiramos por uma felicidade sem limites, mas ela é inatingível nas condições da vida presente. É impossível transformar esse mundo num paraíso.
Ressurreição - A fé na ressurreição de Jesus nos orienta para o mundo novo. Mostra que a vida não acaba com a morte. É apenas o caminho para chegar a nosso destino eterno. Quem crê na ressurreição compreende que Deus é o nosso verdadeiro destino. Só o encontro final com ele, para além da morte, vai libertar-nos das limitações da existência atual. Como Jesus, também nós somos chamados a viver para sempre em companhia Daquele que é a verdade, a beleza, o amor infinito. O amor que une o Pai e o Filho numa comunhão total é a fonte de sua felicidade eterna. E é esta alegria sem fim que ele promete a todos que acreditam na sua ressurreição.
Resignação? Será que pondo a esperança na ressurreição, os cristãos não acabam se resignando com as misérias e injustiças desta vida, em vez de procurar melhorar o mundo? A idéia de uma salvação depois da morte levou muitas vezes os cristãos a aceitar passivamente as dificuldades desta vida. Alguns pensavam mesmo que quanto mais sofressem nesta vida, mais méritos teriam para a vida eterna. Não sabiam dar valor aos bens deste mundo, vendo neles um impedimento para chegar a Deus. Mas esta resignação e suspeita em relação às coisas deste mundo é uma deformação da mensagem de Jesus.
O mundo material é limitado - O mundo criado por Deus é bom: cabe a nós a responsabilidade de utilizar os recursos da natureza e organizar as relações sociais, para que todos possam sentir-se bem e conviver pacificamente na Terra. As coisas materiais, porém, jamais poderão saciar completamente o nosso coração. É para esta limitação que Jesus aponta quando diz: Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma? O que faz a grandeza e a felicidade do homem não é ter mais, mas ser mais, pela doação de si mesmo ao outro no amor. Tudo o que podemos possuir aqui na terra termina com a morte. Só o amor permanece para sempre. Por isso as coisas desta vida só adquirem um valor definitivo à medida que são postas a serviço do amor.
Fé na ressurreição - É a fé na ressurreição de Jesus que permite viver o amor: a esperança na vida eterna liberta do apego aos bens. Não se trata de desprezá-los, pois são um dom precioso de Deus, mas o próprio Deus vale muito mais que os seus dons. Por isso, quem crê na ressurreição está disposto, como Jesus, a qualquer sacrifício para ser fiel ao amor. Longe de afastar o cristão de sua responsabilidade para com o mundo presente, esta certeza lhe dá a força de comprometer-se, tornando-o capaz de partilhar, de renunciar a qualquer privilégio, a entregar a própria vida para ajudar os outros a viver mais plenamente. O cristão valoriza a vida presente, mas sabe que ela é apenas o caminho para chegar a nosso destino eterno.
A vida eterna começa com a morte? "Nisso consiste a vida eterna, em conhecer a ti, verdadeiro e único Deus, e a Jesus Cristo, teu enviado". "Quem escuta a minha palavra e acredita naquele que me enviou tem a vida eterna e não será julgado, mas passou da morte à vida". A vida eterna para aqueles que crêem em Jesus, assim, não começa depois da morte, mas agora. O termo "eterna" não significa, portanto, uma duração infinita, mas o valor e qualidade da vida, que Jesus oferece: uma vida como a do próprio Deus, uma vida de amor. Jesus ressuscitado nos comunica esta vida divina com o dom de seu Espírito de Amor. Quem aceita o oferecimento de Jesus e acredita Nele e na sua Palavra começa a viver desde já esta vida nova.
Ao crer, já estamos na vida eterna? Por enquanto esta vida eterna ainda não desenvolveu todas as suas potencialidades. O amor não penetrou em todas as dimensões de nosso ser. Não conseguimos realizar todo o bem que desejamos por causa das resistências que encontramos em nós mesmos e no mundo que nos cerca. Mas quem persevera na fé e no amor até o fim, viverá para sempre em comunhão com Deus: ele, que é amor e eternamente fiel, não pode abandonar quem se entregou inteiramente em suas mãos. A nossa existência terrestre acabará com a morte. Mas o Espírito de amor, que enchia o nosso coração, renovará todo o nosso ser, para que possamos viver eternamente a plenitude do amor e da felicidade na comunhão com Deus e com todos os que o amam.

*Publicado no Jornal da Cidade, em 21/4/2011
Coluna Ser Catolico
http//:www.sercatolico.com.br

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