Um olhar de Maria

Há um tempo para cada coisa...

Tempo de calar, tempo de dizer. Tempo de apreender, tempo de viver...

Não ansiamos o conhecimento imenso, porém vazio. Com você aprendemos o lugar valioso do silêncio.

Atrás das palavras, tem que haver um homem a caminho da luz de Cristo.

Imperfeito, mas esforçado. Consciente dos limites humanos, mas empenhado no amor.

Também a vida, preparando o advento, ocupa-se mais do invisível... do sensível...

Vê a mãe gestando o fiho? Vê a formação de um profissional? Vê as plantas sem frutos?

Enquanto acontecem coisas valiosas, Deus silencioso está amando imensamente!

Há pouco tempo, ganhei um livro que me disse em poucas palavras algo belíssimo que, de alguma forma, já havíamos aprendido com você. Mas algumas lições, por serem tão profundas, pedem que demoremos sobre elas a nossa alma, a nossa calma. E, por ser tão linda, precisa então ser compartilhada.

É um livro infantil, chamado Manuela, escrito por Regina Rennó.
Que sensibilidade!

O assunto é mãe, adequado para o dia de hoje e para começar qualquer dia.

Conta que a professora propôs que cada criança pesquisasse como foi a primeira vez que a mãe olhou para ela. Dentre elas, Manuela, adotiva, afligiu-se porque havia sido diferente com ela... mas vejam como aconteceu:

"quando entramos no berçário tinha vários bebês, e a enfermeira não disse qual deles era o nosso, mas nem precisava dizer pois quando olhei pra você senti que era a minha Manuela. Meu coração bateu tão forte que chorei lágrimas de pétalas de rosas.

- Eu te peguei no colo e você se encaixou de um jeito tão gostoso que parecia que eu tinha braços de nuvens macias. Seu pai teve desejo de pegá-la um pouquinho, mas como ele nunca havia segurado um bebê antes, não se arriscou a tirá-la do macio do meu colo. Ele ficou o tempo todo olhando pra você, como quem olha pela primeira vez para uma coisa chamada felicidade.

Fui direto pra caixa de fotos, procurar o olhar da minha mãe. Achei meu primeiro banho, meu primeiro aniversário, meu primeiro tombo de bicicleta... e por fim, a foto da minha mãe olhando pra mim na primeira vez que ela me viu.

Eu vi nos seus olhos as lágrimas de pétalas de rosas."

Para dizer que precisamos olhar com os olhos do coração e que a felicidade que mora nesse olhar, nesse modo de ser visto e de ver as pessoas, você nos dizia isso de muitas maneiras, sobre Maria e sobre esse modo de amar... não tem como esquecer do jeito lindo com o qual você insistia pedagogica e humanamente para que nos mantivéssemos atraídos pelo maternal, com o qual a humanidade precisa ser tocada.

Mãe é a pessoa criada em Deus para manter viva a nossa lembrança da nossa originalidade no amor. E em cada um de nós existe esse mesmo convite a maternar as pessoas, as coisas, o mundo... porque a vida está sendo continuamente gestada, gente criando e recriando um novo jeito de amar e viver, de conviver.

Que Maria nos transforme e nos faça transformadores com a sua ternura!

Certamente você terminaria assim esse post: "E então, que olhares temos encontrado por aí? Façamos tudo por um olhar mais amoroso e comprometido!"

Saudades, amado amigo!

O livro:

Manuela - Regina Rennó - Ed. do Brasil