O texto que se segue foi publicado no site da Diocese de Bauru, mas não há data registrando quando ele foi produzido por Aline Mendes.
Vale a pena ler e relembrar aspectos importantes sempre destacados pelo Pe. Jesus.
A humanidade vive a era da informação. Rapidamente é possível saber o que acontece em qualquer parte do mundo. Uma avalanche de notícias é despejada diante das pessoas através dos veículos impressos, da TV, do rádio e da internet. Entretanto, na maioria das vezes, esse conteúdo se torna um emaranhado de informações banalizadas que não estimulam um olhar crítico sobre a realidade em que todos vivem, não importa onde esteja. A globalização divide os problemas, embora as soluções sejam distribuídas de forma injusta. Mesmo os maiores absurdos contra a vida parecem já não chocar um público anestesiado. Fica a sensação de que não se pode fazer nada, mas não é verdade. É importante que cada um busque analisar, discutir e assumir um posicionamento coerente com os seus valores. E como fica o cristão diante de tudo isso?
Refletindo sobre esse assunto, o padre Jesus Bringas Trueba, SM, pároco da igreja de São Sebastião em Bauru, cita Daniel 7,3 ss e 7,13.14 e ss, que trazem pinceladas simbólicas de uma realidade profunda.Trata-se de uma teologia da História. Segundo a sua análise, os símbolos deste texto sagrado mostram que cada um que domina os rumos do mundo é pior do que outro. “É um ciclo que se repete até que Jesus Cristo, o Filho do homem, o homem por excelência, com todo seu poder, vem humanizar a Terra”, explica o sacerdote. “Os cristãos devem se identificar com este Filho do Homem para tirar a bestialidade da História e das nações. Jesus deu poder para que seus seguidores anunciem o Reino e o façam acontecer, embora só será completado no final dos tempos”, complementa.
Para esta missão, Jesus prometeu ficar com a humanidade até o fim dos tempos, na Palavra – bem entendida, não usada em vão ou manipulada –, na Eucaristia e na Igreja, através dos cristãos.
“Temos poder, amor e sabedoria para que através do Espírito Santo sejamos a nova presença de Cristo, humanizando a História. Ele está presente nos cristãos e também nas pessoas de boa vontade, que O seguem inconscientemente, pois são capazes de amar”, afirma padre Jesus.
Para ele, a humanidade está em um permanente advento, que se intensificou a partir do século XX com a industrialização e a exploração do trabalho, com as guerras mundiais e nacionalistas, com as divisões no Oriente Médio, com o terrorismo sofisticado, com a globalização da economia e não da solidariedade, com a banalização da vida, da sexualidade e com as lutas de civilizações, culturas e religiões.
“Esses fatos são sinais que precisam ser interpretados”. O padre Jesus acredita que enquanto as causas destes fatos não forem tratadas, não será possível humanizar as relações. “Mesmo porque – lembra o padre – cada um tem um conceito de humanização e de homem. Daí a importância de ter Jesus como modelo. É Ele quem revela o que é o homem”.
O Evangelho mostra todo o caminho. Porém, um fator preocupante é o de pessoas que se dizem cristãs, católicas e, às vezes, até estão engajadas em uma comunidade, mas não são capazes de assimilar a Palavra e os valores nela impressos. Algumas, por exemplo, são a favor da legalização do aborto argumentando que muitas mulheres morrem nas clínicas clandestinas.
“Se formos pensar assim, vamos legalizar o assalto e o sequestro, já que muitas pessoas morrem nessas ações violentas”, critica o padre.
“Se formos pensar assim, vamos legalizar o assalto e o sequestro, já que muitas pessoas morrem nessas ações violentas”, critica o padre.
O primeiro passo para a mudança é acordar os cristãos para seu papel no mundo.
“Deve haver uma verdadeira conversão, que é um encontro profundo com Deus. Cada um deve se cristificar, humanizar, confiando na promessa de Jesus de estar conosco nessa missão”, afirma padre Jesus.
Conforme uma simbologia citada pelo sacerdote, cada pessoa deve assumir o seu papel através da conversão para que não fique na arquibancada vendo o trem da História passar. Nesta representação há os trilhos, que são os projetos políticos, econômicos, sociais, religiosos, enfim, a infra-estrutura; as locomotivas, que são as pessoas que lideram as iniciativas, que executam as ações; os vagões, que colaboram no processo e a arquibancada, que fica rindo, constrangida e alienada, sem fazer a sua parte, sem assumir uma posição.
O padre Jesus acredita que há um vazio nas pessoas porque elas são mais do que vêem.
“Quem não corresponde ao chamado de Deus sente-se incompleto”. Ele afirma que a humanidade precisa amadurecer a consciência e se voltar ao Pai. “Cada um deve buscar suas diretrizes de ação e seus valores em Jesus. Ele é o maior critério de discernimento e o mundo será julgado por esses critérios. Quem não os segue destrói o mundo e a História. E a única força que faz o mundo crescer é o amor”.
Segundo análise do padre Jesus, os Estados Unidos e a Europa detêm outros tipos de força sem a sabedoria. Lá os valores estão velhos e a renovação virá do restante do mundo, onde a Igreja está crescendo.
“Deus virá salvar a humanidade, mas não com a sabedoria humana, mas com a sabedoria da cruz. 1 Cor 1,18-23;”, cita.
Diante de tantas injustiças e tragédias provocadas pelo próprio homem, fica em parte das pessoas um sentimento de incompreensão.
“As pessoas precisam lembrar que Deus criou um ser livre e que cada um pode criar o seu inferno. O inferno poder ser escolhido, já que a linha do Bem e do Mal passa pelo coração de todo ser humano. E é preciso não julgar a Deus antes do fim dos acontecimentos. Eles são apenas parte do que sabemos”, avisa padre Jesus.
O sacerdote vê que a consciência da humanidade está sacudida e para ele, a solidariedade é o pulmão da consciência.
“O maior instrumento para se aproximar da realidade não é simplesmente a inteligência, mas a inteligência à serviço da fé, animada pelo amor, guiada pelo coração”.
Padre Jesus conclui a reflexão com uma frase do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”.
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