Um texto bem simples e possível pra ajudar a compreender um pouco mais sobre nós mesmos e essa tal felicidade. Sempre recomeçando, sempre seguindo o Caminho! Assim seja!
Daquele estilo que nosso amigo padre Jesus certamente gostaria! Que interceda por nós!
Beijos.
É
quase impossível encontrar uma definição completa e definitiva para a
felicidade, mas é fato que, qualquer que seja a sua definição, estará associada
aos estados de espírito com os quais atravessamos a vida. Podemos, inclusive,
alongar a discussão a respeito da distinção entre ser feliz, estar feliz e
sentir–se feliz, e sobre como a felicidade é diferente da alegria, que, por sua
vez, é diferente da euforia. Mas isso é complicar demais as coisas. O fato é
que, se és feliz, então te sentes feliz, e se tu estás feliz, também te sentes
feliz, e esse sentimento de felicidade é, necessariamente, um estado de
espírito, que pode ser duradouro, razoavelmente comum ou eventual. Nesse caso,
prefiro simplificar um pouco mais e trocar a palavra "felicidade"
por "contentamento", que defino como a capacidade de estar satisfeito (de adaptar–se) em
qualquer situação. Esse tipo de contentamento não se
explica pelas circunstâncias favoráveis e ou confortáveis, mas sim pela
capacidade de exercer domínio sobre o estado de espírito de tal maneira que os
fatores externos que o abalam sejam em número cada vez menor. Contentamento é uma satisfação de dentro para fora. Vicente de Carvalho traduziu muito bem essa
experiência do contentamento quando disse que a felicidade, essa árvore frondosa e cheia de
frutos, existe sim, mas existe no lugar em que a plantamos, e o problema é que
quase nunca a plantamos no lugar onde estamos. A expressão mais comum para os infelizes é que
serão felizes "assim que...". Assim que arranjarem um emprego novo;
um romance novo; um carro novo; uma casa nova; um chefe novo; e tanto mais,
cada vez mais. Esse estilo de vida "assim
que..." coloca a felicidade no futuro e perpetua o descontentamento, que
impede a alegria de desfrutar o presente, as pessoas que temos em volta, as
circunstâncias reais e imediatas que nos oferecem possibilidades de realização.
A palavra contentamento deriva do
latim contentu ("contido") e sugere a ideia de conteúdo. Nesse caso, contente é aquele que tem conteúdo em si mesmo ou
que é capaz de usufruir o conteúdo da realidade na qual está inserido. Em outras palavras, em qualquer lugar, em qualquer
companhia, e em qualquer circunstância existe possibilidade de contentamento, mas somente para aqueles que sabem explorar a sua riqueza interior, ou as
potencialidades do momento, ou ambas. Um momento de contentamento é aquele em
que tudo parece certo: não há necessidade de mudar o que estás a fazer, nem a
pessoa com quem estás, nem o lugar onde te encontras.
Ed René Kivitz, Vivendo com propósitos
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