Há sinais da presença de Deus por todos os lados e é incrível notar como Ele pode ser sensível para quem tiver olhos e coração abertos... esse texto da dra. Helena Beatriz encanta a alma e ainda nos ensina a beleza da contemplação... um exercício para a vida!
Em qualquer lugar do mundo, a qualquer momento, seja quem for, fazendo o que quer que seja, quando vemos algo com os olhos atentos, somos tocados por alguma forma de Amor...
Que assim seja!
De gregos, Deus e saguis
Quando passei pela disciplina de Obstetrícia e Ginecologia na faculdade de
Medicina, o saudoso professor Henrique Pavaventi ensinava aos alunos os passos
da propedêutica médica. Não eram somente os 4 que achávamos saber: inspeção,
percussão, palpação e ausculta; mas sim os 5: inspeção, percussão, palpação,
ausculta e CONTEMPLAÇÃO.
A gente devia contemplar a mulher em trabalho de parto para saber quando
ajudar, quando não atrapalhar e quando finalmente interferir no parto, fosse
ele normal ou cesariana. Infelizmente essa arte médica se perdeu. Dificilmente
a gente encontra um médico que contemple seu paciente. Que observe o modo de
andar, de falar, de gesticular. O tom de voz, o olhar. O medo, o receio, as
reticências. Foi uma lição que nunca esqueci.
Inspirada por um amigo que hoje tira férias em Punta Cana e de lá me
escreve, sugeri que ele tente exercitar algum tipo de contemplação. Paisagem
bonita não deve faltar.
A contemplação – que não é privilégio de religiões orientais – deveria ser
um exercício diário. Ou pelo menos reaprendido em períodos menos agitados, como
nas férias, finais de semana, feriados. Aos poucos a gente começa a praticá-la
no dia a dia, seja flagrando um passarinho na janela ou captando detalhes de um
fio elétrico de rua. Perto da nossa casa em Niterói a gente sempre descobre um sagui
correndo sobre os fios e subindo nos postes e árvores. Mas para isso é
necessário ficar imóvel e quieto na calçada. Então chegam curiosos, primeiro o
mais corajoso, os outros de guarda atrás.
Ouvi dizer que na filosofia grega a palavra contemplação era denominada
teoria, opondo-se a práxis, ou ação. Por isso, os gregos designavam a vida
contemplativa como vida teórica, por oposição à vida ativa, ou vida prática.
Alguns autores afirmam que a etimologia da palavra “teoria” deriva de um verbo
grego que significa ver; deste verbo é que se origina também o nome Deus, que
em grego se diz Teos, ou “Aquele que vê ou contempla”.
E não é que pensei nisso uma vez? Às vezes a gente devia contemplar mais a
vida como quem procura o divino. Se a gente não aprender a observar de verdade
vai perder preciosidades. Talvez a maior delas.
Helena Beatriz Pacitti
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