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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Contemplação

Há sinais da presença de Deus por todos os lados e é incrível notar como Ele pode ser sensível para quem tiver olhos e coração abertos... esse texto da dra. Helena Beatriz encanta a alma e ainda nos ensina a beleza da contemplação... um exercício para a vida!
Em qualquer lugar do mundo, a qualquer momento, seja quem for, fazendo o que quer que seja, quando vemos algo com os olhos atentos, somos tocados por alguma forma de Amor...
Que assim seja!
 
 
De gregos, Deus e saguis
 
Quando passei pela disciplina de Obstetrícia e Ginecologia na faculdade de Medicina, o saudoso professor Henrique Pavaventi ensinava aos alunos os passos da propedêutica médica. Não eram somente os 4 que achávamos saber: inspeção, percussão, palpação e ausculta; mas sim os 5: inspeção, percussão, palpação, ausculta e CONTEMPLAÇÃO.
A gente devia contemplar a mulher em trabalho de parto para saber quando ajudar, quando não atrapalhar e quando finalmente interferir no parto, fosse ele normal ou cesariana. Infelizmente essa arte médica se perdeu. Dificilmente a gente encontra um médico que contemple seu paciente. Que observe o modo de andar, de falar, de gesticular. O tom de voz, o olhar. O medo, o receio, as reticências. Foi uma lição que nunca esqueci.
Inspirada por um amigo que hoje tira férias em Punta Cana e de lá me escreve, sugeri que ele tente exercitar algum tipo de contemplação. Paisagem bonita não deve faltar.
A contemplação – que não é privilégio de religiões orientais – deveria ser um exercício diário. Ou pelo menos reaprendido em períodos menos agitados, como nas férias, finais de semana, feriados. Aos poucos a gente começa a praticá-la no dia a dia, seja flagrando um passarinho na janela ou captando detalhes de um fio elétrico de rua. Perto da nossa casa em Niterói a gente sempre descobre um sagui correndo sobre os fios e subindo nos postes e árvores. Mas para isso é necessário ficar imóvel e quieto na calçada. Então chegam curiosos, primeiro o mais corajoso, os outros de guarda atrás.
Ouvi dizer que na filosofia grega a palavra contemplação era denominada teoria, opondo-se a práxis, ou ação. Por isso, os gregos designavam a vida contemplativa como vida teórica, por oposição à vida ativa, ou vida prática. Alguns autores afirmam que a etimologia da palavra “teoria” deriva de um verbo grego que significa ver; deste verbo é que se origina também o nome Deus, que em grego se diz Teos, ou “Aquele que vê ou contempla”.
E não é que pensei nisso uma vez? Às vezes a gente devia contemplar mais a vida como quem procura o divino. Se a gente não aprender a observar de verdade vai perder preciosidades. Talvez a maior delas.
Helena Beatriz Pacitti

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