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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Ajudando aqueles que ajudam

Como foi dito em nossa apresentação, tivemos muitos momentos de formação com nosso amigo padre Jesus. Um desses momentos possibilitou esta síntese, de como lidar com pessoas doentes, quando as visitamos. São pequenas reflexões, que muito podem contribuir para repensarmos nossas ações e para estruturar, em nosso íntimo, uma melhor condição para aliviar o sofrimento de alguém.

“O sofrimento é uma realidade na vida dos seres vivos” (Anísio Baldessin)

A reação dos que sofrem é sempre saber o porquê e sempre procurar um culpado. Em geral “É sempre a vontade de Deus”. Se é vontade de Deus, todos os que cuidam dos doentes, estão agindo contra sua vontade. Os casos de doenças mentais, como loucuras, epilepsia, que são de origem internas, são atribuídos ao demônio.
“Se culpamos alguém próximo a nós, ele pode reagir. Deus ou o demônio, ao contrário nunca reagem as nossas acusações” (Anísio Baldessin). É muito difícil entender a causa do sofrimento: para uns serve para a salvação ou santificação, para outros um sentido redentor, pois é no sofrimento que aprendemos muitas lições. Há os que acreditam que é um meio de purificação e também, os que acreditam que são consequências dos nossos maus atos, como comer sem critérios, abusar do trabalho e sofrer estresse, vícios como fumar e beber e citam inúmeras explicações para este problema, que aflige a todos sem distinção; portanto, não há uma resposta satisfatória para o sofrimento.

“Assim sendo, temos por um lado a realidade do sofrimento. Por outro, todos os que sofrem procuram sair da situação de sofrimento. Até o próprio Cristo, enquanto pôde, fugiu do sofrimento. Também sua missão foi aliviar o sofrimento do outro. Portanto, se o sofrimento puro e simples fosse positivo, o próprio Cristo não teria se preocupado em aliviar o sofrimento alheio” (Anísio Baldessin).
O doente deve ser atendido em suas necessidades materiais e espirituais; este serviço deve ser estimulado, pois há muitas carências neste sentido e, mesmo que não haja necessidades, restaria sempre o apelo de Cristo “Estive doente e me visitastes” (MT 25,36). A visita ao doente sempre tem valor em si mesma.
Por outro lado, os problemas materiais e espirituais dos doentes decorrem de inadequada condição familiar, social, eclesial ou pastoral. Estes fatos devem ser observados pelo visitador de doentes, que deve procurar resolvê-los, se possível, independentemente das causas que geraram suas necessidades, para que tudo não fique como está. “Eis que faço novas as coisas”(Ap 21,5).
Visitadores leigos de doentes, em hospitais e em domicílios, são muito comuns nos dias de hoje; a esperança é que esse costume se generalize entre as famílias e as comunidades paroquiais a que pertencem.

No atendimento espiritual, o visitador nem sempre tem uma idéia clara do que deve propor ao doente. Há necessidade de se verificar se o doente tem fé e qual a realidade de sua fé. Se o doente conhece o Deus único e verdadeiro e seu enviado Jesus Cristo. Não se pode esquecer que o doente será salvo por sua fé, de onde provém a eficácia dos sacramentos, portanto, não pode ser considerada como meta suprema que o doente receba os sacramentos, se o mesmo não conhece o seu valor.
“O atendimento espiritual do doente constitui uma das principais manifestações da caridade cristã” (Júlio Munaro).
O doente não necessita só de medicamentos, mas precisa de cuidados que atinjam todo o seu ser: corpo, alma, coração, consciência, inteligência e vontade (Cf. Gaudium Spes 3). Precisa de alguém que o compreenda, toque o seu coração, alguém com quem possa abrir a sua alma, para que não se sinta solitário.
É difícil fazer comparação de sofrimentos. Em hospitais, pronto-socorros ou enfermarias é comum ouvir este comentário: "Por que você está reclamando tanto? Veja a situação de quem está a seu lado é muito pior e não está reclamando”. Que efeito tem essa afirmação? É difícil afirmar quem sofre mais. A pior dor é aquela que eu sinto, a do outro posso imaginar, mas, não posso senti-la. Talvez fosse mais coerente dizer “Eu posso entender o quanto você está sofrendo”. Nunca faça comparações. “Deixe que o próprio doente perceba que, ao seu lado, alguém está mais necessitado do que ele” (Anísio Baldessin).
Como ninguém é dono da verdade, seria muita pretensão da nossa parte oferecer respostas positivas e convincentes para explicar o problema do sofrimento. No entanto, devemos lembrar que a natureza não perdoa e nem dá saltos; é preciso considerar que muitos tipos de sofrimentos são provocados pelo homem que, agindo de forma irresponsável, pode causar dor a si próprio e também o sofrimento alheio. Isso ainda não satisfaz nem responde nossas dúvidas.
O sofrimento não está para ser explicado e sim para ser aliviado, portanto, será mais razoável a atitude do visitador de doentes se ele perguntar: “O que posso fazer para aliviar o seu sofrimento?” O ideal não é sofrer. Mas se tiver que sofrer, que o sofrimento seja por um ideal, em favor de si mesmo e principalmente do outro.

Texto extraído e sintetisado do livro: Reflexões para agentes da Pastoral da saúde - de  Pe Anísio Baldessin, dos capítulos:
III- Ser agente de transformação - Júlio Munaro
IV- Ser instrumento de Deus da vida - Júlio Munaro
V- Sofrer por um ideal - Nisio Baldessin

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