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terça-feira, 31 de maio de 2011

A felicidade - continuação (II)

(Texto sintetizado por Pe. Jesus Bringas Trueba, do livro
Es bueno creer - para una teología de la esperanza, de José Antonio Pagola)


A felicidade não depende do destino, da sorte ou azar

A felicidade não nos chega de fora... (eudaimonia), de um bom daimon, isto é, de um “deus protetor”... Não é algo destinado aos que tem sorte na vida ou aos que vão bem na vida... Há fatores que não estão em nossas mãos e que nos condicionam, como por exemplo, caráter, estrutura psicológica e familiar, pessoas com quem convivemos, o amor ou a rejeição que tivemos...
A partir dessa realidade, cada um a sua, é possível a felicidade. O problema é que a buscamos por caminhos errados. Queremos mudanças no mundo que nos rodeia, que a vida se adapte ao que desejamos.
É para se pensar em profundidade: para conhecer a felicidade, tem que acontecer algo fora ou dentro de mim?
A felicidade brota do Deus revelado e presenteado por Jesus Cristo, que nos convida a transformar nossa maneira de pensar e agir. Converter-nos para encontrar o caminho certo.
Ou a felicidade é pura ilusão ou é um presente, plenitude de vida que nos vem como dádiva, quando nos abrimos a Quem é a fonte de todo bem.
Temos que escutar o melhor de nós, aceitar a salvação.

A felicidade não consiste no bem-estar

Está gravemente errado quem pensa que vai ser feliz satisfazendo seus desejos imediatos. O que muitas pessoas procuram é o bem-estar e não a felicidade.
O bem-estar não produz automaticamente felicidade. O bem-estar é a sensação agradável que ocorre quando conseguimos satisfazer nossos desejos. Quem confunde isso com felicidade, está procurando somente essa excitação  emocional, a sensação agradável que se encontra nas coisas, acontecimentos e experiências  que respondem aos seus desejos.
O mundo ensina hoje e acabamos pensando assim, que para ter a felicidade precisamos de dinheiro sucesso, sexo, coisas... A experiência, entretanto, não confirma isso.
Quando ponho a felicidade nas coisas, estou dando a elas um poder sobre mim, minha felicidade fica dependente de algo externo a mim; fico vazio de vida e de liberdade. Quanto maior a dependência de bens materiais, menor a liberdade e menos felicidade terei. Certamente, quem vive deste modo, irá experimentar uma grande decepção, especialmente se pensar que tendo coisas, alcançou, enfim, a felicidade.
A felicidade anunciada nas bem-aventuranças não consiste numa excitação emocional. Jesus anuncia plenitude de vida, de verdade e de paz, que acontece quando Deus reina nelas. Poderá estar acompanhada de experiências mais ou menos agradáveis, mas a força brota de Deus.
É claro que devemos saber desfrutar verdadeiramente as grandes e pequenas satisfações que obtemos na vida, mas, conscientes de que isso não é a felicidade verdadeira.
Somente quando vamos nos libertando de apegos é que nos aproximamos da felicidade. Para isso, é fundamental não apropriar-se de nada nem de ninguém, não se fazer escravo. Pobres de alma: é como Jesus indica esta atitude fundamental... Alma de pobre: os que estão perante Deus com as mãos vazias, os que vivem com o coração liberado e aberto, porque neles pode Deus reinar. Não ficam presos nas coisas (que são importantes para viver com prazer), mas não são a fonte da felicidade. Buscai primeiro o reino de Deus... (Mt 6, 33).

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