(Texto baseado na síntese feita pelo Pe. Jesus Bringas Trueba, do segundo capítulo do livro Es bueno creer - para una teología de la esperanza, de José Antonio Pagola)
3. Por que, então, Jesus Cristo morreu?
3. Por que, então, Jesus Cristo morreu?
Foram os homens que rejeitaram Jesus e não o Pai.
O que o Pai quer é manifestar no seu Filho e através de seu Filho, o amor infinito que nos tem, inclusive quando O rejeitamos.
O que nos salvou não foi o sofrimento, mas o amor infinito de Jesus, que não se deteve ante os sofrimentos.
A cruz que Jesus assumiu não é qualquer sofrimento. Ela veio como a rejeição a sua pessoa, em conseqüência da sua pregação e de servir aos que sofriam injustamente. Movido pelo infinito amor do Pai aos homens, Jesus lutou contra o sofrimento com tal radicalidade que inclusive foi capaz de assumi-lo quando aconteceu na sua própria carne. “Não se faça o que eu quero, mas o que você quer...”. Mt 26, 39.
Jesus não morreu de morte natural. Foi morto após um processo levado a cabo pelas forças religiosas e civis mais poderosas daquela sociedade.
Assim a cruz não é um sofrimento que Jesus impõe a si mesmo como um caminho de perfeição ou auto-realização. Ele sofre como consequência da reação gerada naquela sociedade contra sua mensagem e atuação.
4. Jesus sofre por querer suprimir o mal
Ao aceitar a cruz, Jesus não aceita só a sua morte dolorosa, mas também a sua desqualificação moral, o desprezo, a rejeição e a solidão.
“Padecer e ser rejeitado....” (Mc 9,31; 10,33) como o pior dos malfeitores. Assim, o fato de ter sido rejeitado tirou toda a dignidade e toda a honra do sofrimento, pois não teve a satisfação de morrer dando testemunho, diante do povo, da verdadeira significação de sua vida.
A crucificação de Cristo revela que é perigoso procurar o bem e a felicidade de todos. Ele não poderia viver impunemente o serviço ao Reino de Deus que é fraternidade, justiça e liberdade sem provocar a rejeição e perseguição dos poderosos:
üos escribas não podiam permitir que os que sofrem fossem amados e que a fraternidade com os mais pobres fosse colocada acima da Torá (Lei);
üos fariseus não podiam aceitar que os pecadores e desprezíveis publicanos fossem acolhidos, oferecendo-lhes o perdão gratuito de Deus;
üos saduceus e as classes sacerdotais consideravam blasfemo proclamar que Deus é o Pai de todos, inclusive dos pagãos e inimigos de Israel, e que o verdadeiro culto deve ser promover a justiça fraterna entre os homens;
üRoma também não podia consentir que alguém escapasse ao seu poder absoluto, pondo em discussão a autoridade divina de César...
Morreu crucificado não porque desprezava a felicidade, mas, porque, pelo contrário, a defendia e a procurava para todos, inclusive para os mais desprezados, abandonados e indefesos da sociedade.
Ao terminar na cruz, determinou para sempre que não é mais possível que o homem permaneça crucificando a outros. Por isso devemos lembrar que seguir ao crucificado e carregar a sua cruz, significa solidarizar-se com os crucificados deste mundo: os que sofrem violência e pobreza, e se sentem desumanizados e privados de seus direitos. Defendê-los, atacar as práticas que desumanizam, assumir a causa de sua libertação, sofrer por ela, é carregar a cruz.
A cruz é o sinal de Cristo e do cristão.
(continua)
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