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domingo, 7 de agosto de 2011

Um outro tempo!


Somos seres inseridos mentalmente em uma organização feita a partir do tempo.
Do ontem. Do hoje. Do amanhã.
Esquecemos que essa ordem é didática, real, tem função de ajudar a situar dentro de uma linha o que foi, o que é e o que virá, e que temos também, em nós, uma ordem diversa. A que segue o tempo do coração.
Ontem você comeu macarrão. Cronologicamente foi isso que aconteceu. Mas se o macarrão foi saboreado intensamente, se agradou seu paladar, certamente deixou em você uma presença do que havia dentro dele, inserido, contido. E ao pensar nele, a reação mais linda será a água na boca, porque de algum modo aquilo ficou em você. Inconfundível. Você sabe que não é outra coisa a lhe causar essa reação, mas o único sabor do macarrão.
Poderia falar qualquer outro sabor muito especial, mas cabe dizer que isso acontece a qualquer homem do mundo, em qualquer momento, em qualquer idade, desde que algo tenha sido oferecido a ele e ele tenha saboreado.
Quem é que não tem presente em seu ser o café mais gostoso de alguém? O arroz da mãe que ninguém consegue, nem mesmo com muito esforço, repetir o sabor? O cheirinho de pão da avó?
Saboreamos pessoas. Saboreamos palavras. Sentimos o gosto com a alma daquilo que nos inspira delícias.
Se você parar para pensar um pouquinho, verá que tem aquela pessoa que faz sua alma vibrar de alegria... ou aquele que o faz sentir aconchego, ternura... o que parece que está sempre esperando você chegar... tem gente que faz nossa alma saber-se única para Deus, tamanha sintonia, tamanho conforto...
Reparem... 'faz'! Reparem que a lembrança do cheiro, do tempero, do sabor, da voz, da ternura, ainda faz com que você saiba, sinta, experimente seja lá o que for de bom. Faz porque tudo que é feito com amor fica dentro. Tudo que é dado e recebido com amor fica dentro de quem amou e de quem foi amado!
O sentimento e o conhecimento de amar e ser amado ficam vivos e intensos dentro de nós.
Nós somos seres situados no tempo e a fé nos diz que somos eternos. Mas ainda não o sabemos para dizer quanto tempo vai durar nossa existência, sabemos que temos um fim, e embora saibamos também que há maneiras de continuarmos presentes, nos perdemos.
Dias atrás saiu uma matéria muito linda sobre um grupo de engenheiros aposentados no Japão, que se ofereceu para trabalhar nas usinas que estão com vazamento. Eles explicaram que a chance de desenvolverem um câncer por causa desse contato é em média de 15 anos. Que eles, que já viveram uma longa vida perderiam menos correndo esse risco que os jovens. Para os jovens, 15 anos poderia fazer muita diferença. O texto mostrava que eles lidam com a morte de ooutra maneira. Sabem que ela é fato concreto na história e a aceitam, fazendo com que a vida seja vivida de maneira verdadeira, preciosa. E dessa forma, com essa atitude de amar concretamente, doam o amor que trouxeram com eles e ainda deixam um grande legado. O de dizer para que vivemos, para que vale a pena!
Então penso que isso pode ecoar em nós de algum jeito. Em mim ficou outra vez essa sensação de ser tão pequena diante do Tempo, mas que, dentro dele, antes do fim, posso ser presente-amor, momento a momento, dia após dia, eternamente... será? Tomara que sim. Tenho esperança!
Tenho esperança pois é o que sinto estando aqui nesse blog e olhando as imagens e mensagens que ele deixa vivo sobre tudo que saboreei com meu amigo. E ainda estou saboreando.
Estamos, não estamos? Isso me faz lembrar claramente quando ele dizia que a morte só pode levar o que pode morrer... que o amor jamais morre com ela! E é desse amor derramado que ainda podemos viver! Um outro tempo! Uma outra consciência!
Parece que o tempo do amor, não morre nunca!

Beijo de lindo Domingo, com muito sabor!

imagens weheartit.com

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