Abrindo espaço em nosso kronos - vivendo um kairós

O tempo é o período de vida que nos é concedido para nos construirmos pessoas. Somos seres inacabados, criados por Deus e convidados a participar de nossa criação. A construção pessoal é nossa tarefa fundamental, nosso compromisso primeiro, mas que não acontece solitariamente. É com o outro que nos fazemos, dentro sim de um tempo cronológico, mas, o desafio exige mais... um kairós – tempo da graça de Deus.

Nossos “sabadões” são, sem dúvida, um dos kairós em nossas vidas!

Ser fermento, sal ou luz requer um nicho de abastecimento e fortalecimento para buscar ser humano no mundo atual. Nossas reflexões, animadas pela energia do encontro de pessoas que têm objetivos semelhantes, nos permitem o prazer de um convívio humano, de onde, sem dúvida, saímos melhores. Além de nossas reuniões regulares mensais, temos nos permitido outros kairós, onde partilhamos a vida, o alimento, muita alegria, convivendo mais prolongadamente. O último que tivemos (14/7/2012) aconteceu na residência de Carminha e João, onde juntos preparamos uma bela refeição – que delicioso puchero!

Precisamos, claro, abrir espaço em nosso kronos para que um kairós aconteça – na dimensão desta vida, somos ainda seres limitados pelo espaço e tempo, o que não nos impossibilita a experiência da humanização pela comunhão.

A consciência de sermos grão de trigo que se deixa transformar pela renúncia aos nossos egoísmos – vaidades, iras, fofocas, orgulhos, invejas... – para experimentar, pela ação do Espírito, a essência de ser com o outro e fazermo-nos pão do qual todos se alimentam, é lição que continuamos exercitando, bebendo dos ensinamentos de Padre Jesus: embora com o Pai, está conosco muito vivo, sempre presente, participando de nossos kairós. A tecnologia, através da Marly, ajuda-nos muito em tudo isso!

Em meio a tanta graça, alegria, vão acontecendo nossas particularidades: a fome que ficou sendo da Cláudia, mas era de todos nós, instigada pelo frio que muitos de nós tentávamos aquecer ao Sol, em meio ao pomar da Carminha e João. Outros faziam o mesmo nas imediações de um simpático fogão à lenha, onde cozinhava nosso puchero. Claro que não podia faltar a reflexão, sugerida pelo José Guilherme, a partir de texto da revista Mensageiro de Santo Antonio, relatando a experiência extrema de Asia Bibi, cristã condenada à forca no Paquistão, por recusar tornar-se mulçumana. Refletimos sobre tanta intolerância, tantas distorções religiosas, a possibilidade de uma manifestação em prol de sua vida e oramos juntos, para que sua fé possa sustenta-la a viver tão forte testemunho de amor a Jesus Cristo.

Não faltou nada... tinha que haver sobremesa deliciosa e aí a Lúcia bota sua mão de fada, mais a torta da Ciça, feliz com a família que devagar retorna ao Brasil.

Muitas alegrias partilhadas e também apreensões sérias pela frente! É a dinâmica da vida que nos faz sentir frágeis, quando Deus é forte em nós para que na experiência do divino nos humanizemos!

Nosso coração se derrama de gratidão a Deus e aos queridos João e Carminha, por tão boas horas de carinhosa acolhida.

                      Anísia Motta