(Texto sintetizado por Pe. Jesus Bringas Trueba, do livro
Es bueno creer - para una teología de la esperanza, de José Antonio Pagola)
A felicidade não vem dos outros
Precisamos partilhar a vida com outro. Temos necessidade de que nosso esforço seja apreciado, nossa existência valorizada, que alguém nos ame e espere. Sem isso não existe felicidade.
Mas não devemos esquecer a ambiguidade que tem toda relação humana: do encontro pode nascer a amizade ou a rejeição, tensão e desamor. As pessoas proporcionam felicidade, mas também a tiram. Quando, para ser feliz, necessito da aprovação e do aplauso de outros, da amizade ou do amor, a minha felicidade fica nas mãos daquelas pessoas.
Por acaso não existe um lugar onde estou sozinho, onde ninguém pode chegar nem preencher? Precisamos de uma outra realidade, mais profunda, que nos sacie.
As bem-aventuranças nos dizem que a verdadeira felicidade vem de Deus. Os que têm alma de pobre, ao não viver em dependência dos outros, podem abrir-se a Deus.
O que nos abre para a felicidade não é a segurança, o prazer ou a companhia do outro, mas o fato de que, ao nos abrirmos a ele, somos capazes de desprender-nos de nós mesmos. Nosso amor e amizade quase sempre estão tecidos de ambiguidade, egoísmo disfarçado ou apropriação indevida do outro. As bem-aventuranças proclamam que são felizes os que vivem suspirando pela justiça, os que praticam misericórdia, os que trabalham pela paz. A verdadeira felicidade brota do amor gratuito por quem sofre. A felicidade se encontra dando-a (Atos 20,35).
Há mais felicidade em dar do que em receber: “Quando der um banquete convida aos pobres, porque não podem te pagar (Lc 14,12-14).
Via de regra, nos aproximamos das pessoas para receber e não para dar. De muitos, não esperamos nada; os olhamos com indiferença. A outros, tememos; outros nos atraem, porque nos dão o que desejamos: companhia, alegria para viver, segurança... As bem-aventuranças nos convidam a nos abrir ao amor gratuito e desinteressado para com os que sofrem.
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